domingo, 4 de novembro de 2012

O conceito de Labirinto e a teoria da Deriva (Internacional Situacionismo)




Dois pontos de reflexão para hoje:

1."O lugar labiríntico reside em ser desenhado, só existe enquanto trajeto, travessia. Não se consegue saber se estamos entrando ou saindo, nem reconhecer seus limites e suas fronteiras".

2. "O urbanismo não existe, não é mais do que uma ideologia. A arquitetura sim existe, igual à Coca-Cola. Um produto revestido de ideologia, mas real, que satisfaz de uma maneira falsa uma necessidade falsa."

Guy Debord   





«O Labirinto era utilizado como referência ideológica pela concepção dinâmica do seu espaço, oposto à perspectiva estática das linhas ortogonais. Além disso, também associado a uma estrutura de organização mental e um possível método de criação baseado no vagar, vagabundear, nos trajectos e caminhos com saídas luminosas e reclusões trágicas, um tipo de mobilidade generalizada.
A Internacional Situacionista propõe o abandono do modo euclidiano de figuração do espaço, dizem não aos pontos fixos de orientação para as visadas que segundo eles reduzia a distância psíquica entre o objecto e o sujeito. Não admitiam mais o "fazer soberano".»


2 comentários:

Inês disse...

A minha memória é dada a tretas, como sabes. Mas a propósito disto ocorreu-me que numa aula de contextos árabes e islâmicos tratámos um texto em que se compara, para o caso de Marraquexe (ou Rabat?), medina e cidade ocidental(colonial, francesa, avenidas largas), bem como diferentes formas de dar indicações a peões desorientados (turistas). Como se explica um caminho? Se bem me lembro, e está visto que me lembro mal, a diferença tinha que ver com referentes matemáticos (racionalização urbanística), como "vire ali na segunda à esquerda;" e referentes relacionais/simbólicos, como "quando chegar à casa de Cicrano, porta vermelha, etc."

No segundo caso, são mais os caminhos possíveis. Vou procurar o texto.

Beijos mil

The Story of Jesse James disse...

O texto que falas parece ser entusiasmante.

Lembrei-me de outro livro clássico, que talvez seja esse que falas, que também tem o seu interesse dentro deste contexto - "A imagem da cidade", Kevin Lynch

«Cada imagem individual é única e possui algum conteúdo que nunca ou raramente é comunicado, mas ainda assim o sim ela se aproxima da imagem pública que, em ambientes diferentes, é mais ou menos impositiva, mais ou menos abrangente.O conteúdo das cidades até aqui estudadas, que remetem às formas físicas , pode ser adequadamente classificado em 5 tipos de elementos: vias, limites, bairros, pontos nodais e marcos e podem ser definidos da seguinte maneira:1-

Vias – são canais de circulação ao longo dos quais o observador se locomove demodo habitual, ocasional ou potencial. Podem ser ruas, alamedas, linhas detrânsito, canais, ferrovias. Para muitas pessoas, são estes elementospredominantes em sua imagem.2-

Limites - são elementos lineares não usados ou entendidos como vias peloobservador, são fronteiras entre duas faces, quebras de continuidade lineares:praias, margens de rios, lagos, etc., cortes de ferrovias, construções, muros eparedes. São referências laterais, mais que eixos coordenados3-

Bairros – são regiões médias ou grandes de uma cidade, concebidos comodotados de extensão bidimensional.O observador neles penetra mentalmente, eeles são reconhecíveis por possuírem características comuns que osidentificam.Sempre identificáveis a partir do lado interno, são também usadoscomo referência externa quando vistos de fora.4-

Pontos Nodais – são pontos, lugares estratégicos de uma cidade através dosquais o observador pode entrar, são focos intensivos para os quais ou a partir dosquais se locomove. Podem ser basicamente junções, locais de interrupção dotransporte, um cruzamento ou uma convergência de vias, momentos depassagem de uma estrutura a outra. Alguns desses pontos nodais são o foco e asíntese de um bairro, sobre o qual sua influência se irradia e do qual são umsímbolo.5-

Marcos – são outro tipo de referência, mas, nesse caso o observador não entraneles: são externos. Em geral, são um objeto físico definido de maneira muito simples: edifício, sinal, loja ou montanha. Seu uso implica a escolha de um elemento a partir de um conjunto de possibilidades. Alguns marcos são distantes, tipicamente vistos de muitos ângulos e distâncias, acima do ponto mais alto de elementos menores e usados como referências radiais. Podem ou não estar dentro da cidade»