domingo, 28 de outubro de 2012

o capitalismo não é um país pequeno (I)

Imagem de Paulo Moreira
Em Henrique Galvão, eminente colonialista português e deputado por Angola à Assembleia Nacional desde mil nove quarenta e seis, houve um pioneiro na defesa do comércio justo:
O milho de Angola, pelo qual o produtor indígena recebe, teoricamente, entre $40 e $50, realmente entre $30 e $40, é pago pelas classes pobres que o consomem a 1$80. Sofre entre o produtor e o consumidor uma elevação de quase 600 por cento. O café, que se vende em Lisboa, ao balcão, a 25$ cada quilograma, sai de Angola, das mãos do produtor, a pouco mais de 2$00. E o mesmo acontece com o feijão, a carne, o arroz, etc. Entre o produtor e o consumidor - os extremos do sacrifício e sobre os quais pesam todos os amargores desta desarrumação - ou antes: contra o produtor e o consumidor forma-se uma escala inacreditavel de encargos fiscais, de taxas de despesas de transporte, de lucros de intermediários, etc., que, sendo manifestação clara de descoordenação só por si explicam a prosperidade afrontosa de certos indivíduos e a miséria pungente de muitos mais.*

Donde se conclui que toda esta entrada da wikipédia é um equívoco.

*Intervenção na AN a 20 de Março de 1947, citado em: José Capela, O imposto de palhota e a introdução do modo de produção capitalista nas colónias..., Porto, Edições Afrontamento, 1977, pp. 231-32.

Sem comentários: