quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Um dia de Pedro Mota Soares: os trabalhadores independentes e os pobrezinhos (e os alunos da António Arroio no dia seguinte)

Ontem, o ministro da Solidariedade e Segurança Social começou o dia bem cedinho a comunicar à rádio TSF o alargamento do prazo para entrega da Declaração do Valor de Actividade. (A notícia da aproximação fim do prazo de entrega da tal declaração tinha-se espalhado pelas redes sociais no dia anterior por acção dos Precários Inflexíveis que reclamavam a falta de informação/divulgação.)
É curioso que, estando alguns membros do CDS discretamente empenhados numa campanha de descredibilização do trabalho jornalístico (exemplos aqui e aqui), um ministro do mesmo partido privilegie a comunicação social para comunicar uma informação importante aos cidadãos, desprezando os canais oficiais do Estado, pois que pelas 11h da manhã - depois de por aqui se ter confirmado o prazo indo à Segurança Social do burgo e telefonando para o gabinete do próprio ministro (just for the fun of it!) -, na página da Segurança Social continuava a constar o prazo antigo.



Depois, o senhor ministro decide anunciar acordos com o terceiro sector no valor de 50 milhões de euros em refeições take away para os pobres que o seu governo vai produzindo e agudizando. Mais uma vez considera-se preferível a imoralidade da esmola, a caridadezinha oferecida de boa vontade, àquilo a que as pessoas têm efectivamente direito.
Por exemplo, a Escola António Arroio, de acordo com os alunos que hoje assustaram o Presidente da República, não está a cumprir uma importante função da acção social escolar prevista na Lei, por não garantir aos seu alunos (os dos escalões A e B e os outros) a utilização de um refeitório.


Agora, será que estes alunos serão transferidos para as refeições-esmola do programa dos 50 milhões?

Eu tenho para mim que seria melhor agarrar em 50 milhões dos impostos que os alunos, os pais dos alunos, os pobrezinhos e todos nós pagamos e começar a aplicá-los em direitos que nos sejam garantidos pela lei e não pela moral caritativa do senhor ministro... que entretanto podia enfiar a caridadezinha num sítio do seu agrado, respeitando os valores cristãos, amém!

2 comentários:

Inês disse...

o vídeo dá-me alguma esperança no futuro.

Inês disse...

agora é que me apercebi que nos apropriámos de um dos títulos do Pacheco. ainda bem.

pimbas, dois comentários!